terça-feira, 15 de setembro de 2009

NA CALADA DA NOITE

Na calada da noite desta Londres
Acarinhada pelo frio vindo do mar,
Vejo você entrar pelo meu quarto
Com tantos grandes anseios de mulher
Negra mulher encantada.

Não quero que sonhes com príncipes
Eles deixaram de serem encantados
Por amor de mim torne-se a ninfa
Para assegurar o prazer da carne
E fazer do amor porto seguro.

Os meus sonhos estão pertos dos teus
Com meus desejos despertos de amante
Numa caixa de Pandora para ser aberta
De surpresa por tuas mãos de ébano.
Dela sairei - tua princesa branca...

Em teu coração quero reinar eterna
Esperando teus sonhos poder realizar
Na calada da noite desta Londres
Acarinhada pelo frio vindo do mar
Negra amante que adentra meu espaço

Mulher da terra negra tão faceira brasileira
Mulher que teima em pensar em mim
E a querer somente amar-me
E a somente querer possuir-me
Como se eu fosse o último elo à sua vida!

Prometo teus fantasmas espantar
Dar-te-ei coragem para vir a mim
Um dia desses acabarei com tuas dúvidas
Sem receio e sem medo ensinarei
O quanto meu amor é grande como o teu,

Infinitamente...


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Christine Svetlana Paiva Matta – Londres, 13/09/09

SÓ EM TEUS BRAÇOS...

Que ao menos uma vez
O mundo pare de girar
Em teus braços poderei
Falar do meu amor
A madrugada escura
Possa trazer um novo sol
Ajudar-me a ser tua
E a mergulhar em teu calor.

Gostaria ao menos uma vez
De sentar em qualquer lugar contigo
Saber como andas,
Como é a tua vida,
Se tu choras ou se ris
Com a distância de onde estou

Ouvir de tua boca
- Você é minha querida!
Para ficar feliz à-toa
Gostaria de conversar
Contigo à beira-mar
E dizer como desejo
Fazer parte de tua história de amor.

Anseio que tragas
Esquecimento a minha dor antiga
E aos sentimentos hoje inúteis
A habitar dentro de mim
Desejo falar da história
De minha vida
Com a minha cabeça
Pousada calmamente em teu colo.

Quero que aceites o meu pranto
Trazendo consolo
Enxugando minhas lágrimas
Chamando-me de boba
E de amada amante querida
Para fazer-me rir do passado
E dos meus atrozes erros.

Desejo muito, eu sei.
Mas se desejar pouco estarei morta.
Minha alma tem de desfazer-se
Das suas antigas vestimentas
Quero olhar meu rosto
No espelho de teus olhos
E sentir a vontade de viver
Outra vez intensa.

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Christine Svetlana Paiva Matta - Londres, 13/09/09

terça-feira, 8 de setembro de 2009

1 - O TRADICIONAL CROWN CLUB DE BELFAST
2 - UM DOS INÚMEROS PUBS DE BELFAST
3 - QUEEN'S BRIDGE DE BELFAST À NOITE
4 - BELFAST À NOITE
5 - VICTORIA STREET BELFAST










QUEEN’S UNIVERSITY - BELFAST




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A Queen’s University Belfast foi fundada pela Rainha Victoria em 1845 e possui uma longa história de sucesso acadêmico. A Universidade situa-se em um bairro residencial e arborizado do sul de Belfast (capital da Irlanda do Norte) apenas 15 minutos do centro da cidade. É fácil chegar a Belfast por via aérea. Há mais de 35 vôos partindo de Londres diariamente. A Universidade possui 18.500 estudantes de graduação e pós-graduação, incluindo 1.200 estudantes internacionais de mais de 70 países. A Queen’s é internacional, grande parte de seus funcionários acadêmicos são de países estrangeiros. O Chanceler é um estadista dos EUA, o senador George Mitchell. A Queen’s University oferece perto de 300 programas universitários de graduação e pós-graduação em 20 faculdades.

A Queen's faz parte da elite do Grupo Russell de universidades do Reino Unido, sendo um centro único de orientação ao estudante. A Universidade garante acomodação para todos os estudantes internacionais no primeiro ano do curso. O Elms Village, o complexo principal de alojamentos está localizado em um bairro residencial agradável, apenas 10 minutos caminhando do prédio principal da universidade. Recentemente, as instalações esportivas foram modernizadas. A instituição conta com excelentes instalações de computação e bibliotecárias. Foram investidos 45 milhões de libras em uma nova biblioteca que irá ser inaugurada este ano. Todos os estudantes podem utilizar os computadores dentro do campus com acesso gratuito à Internet e ao correio eletrônico. Durante todo o ano, a Unidade da Língua Inglesa oferece uma série de cursos de inglês, técnicas de estudo e de redação. Cursos intensivos de inglês, realizados antes do início do ano acadêmico, estão disponíveis para aqueles estudantes que necessitam melhorar o idioma antes de iniciar os seus estudos acadêmicos.

A Universidade proporciona um programa de orientação de dois dias para os novos estudantes internacionais com o objetivo de apresentá-los aos funcionários acadêmicos, às instalações universitárias e à cidade de Belfast. A instituição oferece um serviço de recepção nos dois aeroportos de Belfast em datas específicas. Belfast é u ma das mais agradáveis e modernas cidades européias. Próximo ao campus da Queen’s, encontra-se a famosa Golden Mile, com pubs, restaurantes, danceterias e locais de entretenimento.


segunda-feira, 7 de setembro de 2009

TENHO DE ME ACOSTUMAR


















SOLIDÃO

A solidão agora é uma fera bandida
Apoderando-se de todo o meu ser
A solidão cria ligações em minha vida
Faz-me chorar quando lembro de você.

Fera bandida! Esta solidão me arrasta
A um vazio dia e noite tão sem dó
E de mim e para mim ela afasta
Até mesmo a saudade de estar só.

A saudade de estar só, amada minha
Tem um segredo que apenas eu conheço
E que no teu lindo corpo se aninha
Quando ao pensar em você eu enlouqueço

Ah, maldita solidão, maldita fera ferida
Que me agarra e me ausculta o coração!
Não quero ter-te ligada à minha vida
Meu corpo pede e grita por paixão

Quero sair às ruas toda alucinada
Estou molhada de anseios e sofrimento
Solidão, tu não vais nunca dar-me nada
A não ser alimentar o meu tormento?

Amada minha, por que me fazes isso?
Por que deixa que eu viva no abandono?
Até o anseio de ser tua perde o grito
E nem mesmo chega um bocejar de sono.

LONDRES - NOVO RUMO E NOVA VIDA

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1- LONDRES - BIG BEN E PARLAMENTO
2- LONDRES - PARQUE À BEIRA DO THAMES
3 - LONDRES À NOITE
4 - LONDRES - TOWER BRIDGE







PAIXÃO, AMOR, LOUCURA, DESTINO

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PAIXÃO E AMOR

Ama-me assim
Olhando a chuva
E abraças a mim
Pedindo amor
Darei beijos
Embriagantes
Todos eles
A cheirar bem
Seremos nós
Belas amantes
Nuas na chuva
Quentes e vivas
Na imaginação
Eu poderia
Deixar de ser chuva
Ser sol fervente
Na sua canção
Darei beijos quentes
Por todo seu corpo
Estremecerás
Coladinha a mim
Serás toda minha
Desejo e loucura
Eterna procura
De nossa razão
No abraço da noite
No canto da chuva
Seremos unidas
Nessa amplidão
Na úmida mistura
Do suor dos corpos
Teremos momentos
De dor e paixão.

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EU SOU

Não desdigas a mim
Nem o que sou
Uma luz majestosa
Uma simples flor
Ou até a terra
Onde pisas
Para doer em mim
O peso de tua vida.

Não desdigas a mim.
Sou translúcida
Sou cristal e reflexo
De minhas vísceras
De meus sonhos
Nascentes por ti
Sou o ar em teus pulmões
Minha amada.

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DESTINO

De olhos quase cegos
Sonhei contigo
Queria estar em teus braços
Dormir contigo

Amar e acarinhar
Sentir teus beijos
E mergulhar
Meus anseios na tua boca

Digas que sou louca
Sou tua bandida
Preciso ter-te em mim
Parte de minha vida!

De olhos ardidos
Nem posso chorar
Quero te pensar
Como um destino meu
Ainda a começar.

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LOUCURA

Louca. Diga que eu sou louca
Estou emprenhada de amor
E de desejos por tua boca
Mais que isso estou alucinada
E totalmente desarmada
Para conquistar a tua terra

Estou sim. Viva e condenada
À imensidão da solidão criada
Pelas colinas de teu corpo
E pelas águas de tua fonte
Portanto, estou desarmada
Para conquistar a tua terra

Tenho que vencer uma batalha
Que seja dez ou mil batalhas
Para vencer a minha guerra
E para que a paixão valha
E que possa vir mulher amada
Adormecer nos meus braços.

Louca. Eu sei que estou louca
Emprenhada de amor por tua boca
Desejos a centenas para conquistar
Alucinada e toda desarmada
Vou à luta de mãos limpas
Para a minha paixão ser tua.

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NOITES NEGRAS

Por querer você como a água mesma
E por pensar em você nas noites negras
Faço-me cadela a possuir um mundo
E a ficar atada e possuída em seu abismo.
Quero mexer meus lábios entre os seus
Sentir o gozo de sua carne na minha carne
Por querer você como a mulher de mim
E nas noites negras por pensar em você.

Criei em minha Sodoma jardins suspensos
És o anjo da Gomorra de meus dias
Que irei possuir na perfumada cama.
Ainda que jamais desates seu amor inteiro
Serei paixão até a última explosão de mim
Amada, amante, a fonte primordial aberta
A esperar o sorver de meus lábios sedentos
Por querer você
Por pensar você

Do meu tanto cismar eternidade em sua pele
Anseio por eterno lazer em seu pensamento
A fantasia que ameigo nesta solidão noturna
Não poderás saber por não existir ainda
O poder de ser guardada em minha carne
O meu Saber de viver você feita para mim.

domingo, 6 de setembro de 2009

GOSTEM DE AMAR DO JEITO DE GOSTAR DE AMAR


Queridos e queridas: se querem gostar de mim, gostem de mim como eu sou. Espevitada, verdadeira, atrevida, intensa, safada, devassa. Gostem de mim assim como se eu estivesse a passar devagar aqui por perto quase por acaso e ao ver um de vocês dar um grito e sair correndo atrás como uma criança para agarrar a alegria de abraçar todos e dizer “que bom faz tanto tempo!"

Queridas e queridos: se minha paixão pela vida estiver enchendo o saco de vocês façam de conta que eu sou como aquela nuvem branca lá no céu e deixem que passe com a minha intensa glória de viver. Não vou ficar chateada não. Eu gosto muito de ser eu mesma ainda que vocês gostem de ser outros e não saibam viver a vida dentro e fora do coração.

Meus lindos e minhas lindas: não fiquem escandalizados por eu amar sem distinção e querer tanto o beijo de um homem e de uma mulher na minha boca e as mãos de todos a acariciar meu corpo. Não mergulhem dentro de seus preconceitos e venham tentar dizer que isso não é normal, pois é normalíssimo. Anormal é ser diferente e verdadeiro para aqueles que vivem mergulhados na mentira!

Minhas lindas e meus lindos: quando eu achar um só de vocês na rua, no shopping, no ônibus, ou perto da minha moto vermelha e correr para vocês e pedir para ser beijada, acarinhada, sonhada, levada para a cama de um motel para ser possuída, e quando eu gritar minha paixão aos vossos ouvidos e quando eu derramar todo meu aprendizado de prazer em vossas entranhas não tenham pena de ficarem um dia tendo paixão por mim. Fiz tudo isso de propósito por amar minha vida com intensidade e por saber que não conheço o dia de amanhã.

Eu não discuto com o que a vida oferece. Ela é tão curta! Quero que todos meus instantes sejam inesquecíveis e que vocês consigam aprender a vida como uma lanterna que um dia vai se apagar para sempre e que quando estão comigo serão valorizados eternamente dentro do meu coração.

Lindos e Lindas. Queridos e Queridas. Sou espevitada, verdadeira, atrevida, intensa, safada e devassa, mas sou toda paixão para vocês!

Beijos molhados da Chris.

OLHANDO PARA O OUTRO


Interessante como em qualquer espaço visual, qualquer espaço humano, qualquer espaço onde a raça humana busca viver sua integridade existam olhares a cair sobre o que são um e outro, sobre o que o outro é ou pode ser. Todo mundo parece se preocupar demais com isso. Deixam de se preocupar com si mesmos e entram nos espaços dos outros para ver quem são os outros e se eles merecem ser olhados e participar de seus mundos.

Na realidade, eu sei o quanto as pessoas se preocupam hoje com as aparências do outro. Sobre o que o outro faz e pensa e como se comporta no contexto social. E remetem-se à luta contra o prazer de viver e contra a liberdade de o outro ser o próprio e não aquilo que o mundo quer que ele seja. Fazem isso discriminando as minorias. Buscando excluí-las socialmente.

E o pecado está em alta e como está. Nessa discriminação efetiva os hipócritas buscam estandardizar as pessoas, principalmente os homossexuais homens e mulheres. Para esses hipócritas essa tribo tem de viver dentro de um padrão aceitável pelo olhar deles. Buscam criar uma forma de ser e matam o prazer da vida. Porque forma não significa prazer. Se você se vestir e pensar de forma diferente da sua tribo, prepare-se para as críticas, julgamentos e para se sentir mal.

Lembro que no filme de Almodóvar, “Tudo sobre minha mãe”, a personagem da travesti diz perante uma platéia que “para mim, felicidade é você se aproximar, cada vez mais, do que entende por autenticidade”. Isso não faz pensar? O que eu vejo, infelizmente, é que o mundo está imerso numa tremenda homofobia alimentada pelas religiões constituídas, em particular a católica. Por que tanta repulsa pelas relações afetivas entre as pessoas do mesmo sexo? Por que tanta discriminação?

Gostaria de lembrar aqui que antigamente a sociedade passava a ideia de que os homens eram "naturalmente" melhores nas ciências e no desporto e líderes natos. Porém, as mulheres desafiaram essa ideia de mostrar o homem numa perspectiva mais superior. Na realidade, os homens são empurrados para posições de vantagem por uma sociedade que está estruturada para os beneficiar. Tanto assim que a heterossexualidade, tal como a dita superioridade masculina, é tão natural, como adquirida. O fato de a maioria dos homens e mulheres serem heteros tem por vezes mais a ver com coerção e com a ameaça de ostracismo no meio social do que com a sua superioridade como forma de sexualidade.

O hetero está institucionalizado nas nossas leis, órgãos de comunicação social, religiões e línguas. Viola-se os direitos humanos quando se tenta impor a heterossexualidade como superior ou como única forma de sexualidade, tal como o racismo. Isso é crime. Chama-se homofobia . Ela inibe a apreciação e aceitação de outros tipos de diversidades, tornando o ambiente espacial em que vivemos totalmente inseguro, já que todas as pessoas têm características únicas que não são consideradas ou dominantes. Assim, todos ficamos diminuídos quando qualquer um de nós é discriminado.

No tocante à religião, o homem de batina e de coroa de ouro na cabeça chamado Bento 16 diz que “a Igreja deverá proteger o homem de se destruir a ele mesmo. É preciso uma espécie de ecologia do Homem.“ Essa é uma frase bruta de quem nada sabe de ecologia nem de humanismo. Essa é uma frase de teor totalitário, de policiamento da raça para que não existam homossexualidades, panssexualidades, pomossexualidades, transsexualidades, polissexualidades e etc. Portanto, para esse homem de batina, o ser humano deve viver e morrer numa estufa de temperatura controlada para não se contaminar um com outro. Isso eu chamo de filhoputismo. Que se dane! Venha a mim o Reino da Sexualidade!

Obsessão e ódio à sexualidade dos outros não é tema novo nas crenças católicas e protestantes. E esse tal 16 é um fiel seguidor das teologias de seu patrão invisível, que tem três sexos diferentes e ainda se esconde na saia de uma virgem imaculada. Este circo religioso contra a raça humana é nojento. Renego. E renego também muitos membros daqui deste espaço cultural que se posicionam a favor dessa homofobia e contra a liberdade de ação e expressão dos seus outros. Se desejam dar forma ao outro, discriminam. Humanismo não é isso. Humanismo é antropocêntrico. O homem deve seguir a reflexão mais aprofundada para discernir seus caminhos. Humanismo é uma preocupação primeira com a satisfação, desenvolvimento e criatividade tanto para o indivíduo quanto para a humanidade em geral. Sem mais.

OLHOS FECHADOS

Fecho os olhos para olhar dentro de mim
Vejo-me inteira como desejo ver a vida
Vejo paisagem cheia de homens e mulheres
Fico embevecida.

Fecho os olhos para olhar dentro de mim
Vejo outro mundo a desejar minha vida
Um oceano bravio e um vulcão ativo
Fico enlouquecida.

Fecho os olhos e vejo os meus amores
Oceanos e paisagens de meu ágil mundo
Um belo macho a buscar meu corpo
Uma bela fêmea a dar-me seus sabores
Eu amo viver!

Da pátria fiquei longe, mas levei comigo
Uns cravos de defuntos e terra de Olinda
Cheiros para lembrar e sal para saciar
Comigo nada finda

Estarei sempre a começar um grande amor
Nem que seja dentro de meu novo cantar
Quem estiver nos meus braços vai saber
O quanto é bom amar!

Londres! Frio imenso a envolver minha pele
Amores meus que adoravam meu vulcão
Estou morrendo de frio, queridos e queridas.
Ah, meu pobre coração!

Fecho os olhos para esquecer de mim
Vejo uma mulher sozinha na imensidão
Um mar eterno a separar minhas terras
Quanta perdição!

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Christine Svetlana Paiva
Londres, 3/09/09

SAFO: O DESEJO, O SEXO E A POESIA FEMININA

O fogo e sensualidade que existe no corpo da mulher. O desejo. O prazer de ser ela mesma. Amar. Querer. Tudo isso era Safo. Natural de Eresso, localidade próxima à Mitilene, capital da ilha de Lesbos, na antiga Grécia, nasceu no ano de 612 aC. Maior poetisa lírica da Antiguidade e por que não dizer a primeira mulher poeta do mundo conhecido. Em Mitilene estudou dança, retórica e poética, o que naquela época só era permitido às mulheres aristocratas.

Na época do ditador Pítaco, que governava a ilha de Lesbos, Safo foi acusada de conspiração e terminou sendo exilada na cidade de Pirra, mas na realidade, a poeta nunca ligou muito para a política. Safo nada tinha de conservadora. Safo nada tinha de recatada. Safo nada tinha de pudor. Era uma mulher atrevida e uma amante exagerada da vida e das mulheres mais jovens.

Após seu retorno do exílio, em Pirra, devido ao seu comportamento, foi exilada de novo na Sicília, onde conheceu um homem rico e com ele casou-se, tendo uma filha. Ficou viúva e retornou para Lesbos, onde fundou um colégio para moças da alta sociedade de Mitilene. Nesse colégio ensinava música, poesia e dança e se comprazia em prazeres mundanos com suas alunas, as quais chamava de hetairas, que em grego significa companheiras.

Safo era uma grande mestra da arte da dança e da poesia, mas pelo que se soube possuía outras artes. Estas mais humanas. Seus relacionamentos com as alunas chegaram ao conhecimento dos pais que rapidamente retiraram de sua escola as filhas. Sua favorita era Átis, por quem tinha uma paixão irrefreável. Para Átis ela compôs o poema “Adeus a Átis”, considerado até hoje como um dos mais perfeitos versos líricos de todos os tempos. “Doce e amargo tormento” era uma das frases inserida no poema, que criou um estilo de forma singelo e sóbrio. Muitos poetas utilizaram depois esse estilo de Safo.

Ovídio recolheu a lenda que Safo, na idade madura voltou a amar os homens, ao apaixonar-se por um marinheiro chamado Faon, o qual não lhe correspondeu, daía ela matou-se, atirando-se de um precipício. Em outra lenda, diz-se que ela, resignada com o destino que a levava a amar e a desejar as mulheres recusou outro pedido de casamento escrevendo o seguinte: "Se meu peito ainda pudesse dar leite e meu ventre frutificasse, iria sem temor para um novo tálamo. Mas o tempo já gravou demasiadas rugas sobre minha pele e o amor já não me alcança mais com o açoite de suas deliciosas penas."

Sem medo de errar, a hipocrisia humana e a moralidade retardada condenaram Safo por 26 séculos. Foi no século 11 em que ela teve sua maior condenação pela hipócrita Igreja Católica que resolveu queimar toda sua obra poética contida em nove volumes. Ainda bem que alguma coisa conseguiu ser salva. Nos fins do século 19 dois arqueólogos ingleses descobriram, por acaso, em Oxorinco, sarcófagos envoltos em tiras de pergaminho, numa das quais eram legíveis uns seiscentos versos de Safo.

Restou apenas isso da primeira e maior poeta da história ocidental. O filósofo Platão já tinha ensinado: "Dizem que há nove musas, que falta de memória! Esqueceram a décima, Safo de Lesbos." E outro que também tornou-se seu admirador na antiga Grécia foi Sólon, que depois de escutar de seu neto a recitação de um poema de Safo, exclamou: "Agora poderei morrer em paz!"

Safo continua viva nas mulheres que amam a vida e que põem seu desejo à vista de todos e que não têm medo nem vexame de dizer Eu Te Amo, tanto a mulheres como aos homens. A divina hetaira é aqui homenageada por mim.

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A UMA MULHER AMADA

Ditosa que ao teu lado só por ti suspiro!
Quem goza o prazer de te escutar,
quem vê, às vezes, teu doce sorriso.
Nem os deuses felizes o podem igualar.
Sinto um fogo sutil correr de veia em veia
por minha carne, ó suave bem querida,
e no transporte doce que a minha alma enleia
eu sinto asperamente a voz emudecida.
Uma nuvem confusa me enevoa o olhar.
Não ouço mais. Eu caio num langor supremo;
E pálida e perdida e febril e sem ar,
um frêmito me abala... eu quase morro... eu tremo.

(fragmentos de um poema) - Tradução de Joaquim Fontes
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PARA ANACTÓRIA

A mais bela coisa deste mundo
para alguns são soldados a marchar,
para outros uma frota; para mim
é a minha bem-querida.
Fácil é dá-lo a compreender a todos:
Helena, a sem igual em formosura,
achou que o destruidor da honra de Tróia
era o melhor dos homens,
e assim não se deteve a cogitar
em sua filha nem nos pais queridos:
o Amor a seduziu e longe a fez
ceder o coração.
Dobrar mulher não custa, se ela pensa
por alto no que é próximo e querido.
Oh não me esqueças, Anactória, nem
aquela que partiu:
prefiro o doce ruído de seus passos
e o brilho de seu rosto a ver os carros
e os soldados da Lídia combatendo
cobertos de armadura.
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O AMOR

O amor, esse ser invencível, doce e sublime
que desata os membros, de novo me socorre.
Ele agita meu espírito como a avalanche
sacode monte abaixo as encostas. Lutar
contra o amor é impossível, pois como uma
criança faz ao ver sua mãe, vôo para ele.
Minha alma está dividida: algo a detém aqui,
mas algo diz a ela para no amor viver...
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Um dos fragmentos encontrados mostra profundo amor maternal por sua filha Kleis, que se reflete na seguinte estrofe:

Tenho uma formosa filha
que tem para mim
a esplendorosa beleza de uma flor de ouro,
minha amada Kleis,
a quem não trocaria por todas as riquezas da Lídia,
nem tampouco pela formosa Lesbos.
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O homem belo só o é quando o contemplam, mas o homem sábio é belo mesmo quando ninguém o vê”. Safo de Lesbos
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ODE A VÊNUS

Filha de Jove, que tens altarers
Em cem lugares, Diva Falaz:
Ah! poupa mágoas a quem te adora
A quem implora favor e paz.
.
Tu já outr'ora piedosa ouviste
O brado triste da minha voz:
E da paterna mansão celeste
A mim vieste pronta e veloz.
.
Ao nívio carro jungido tinhas
Das avezinhas o meigo par.
Ele voando pelo ar sereno
Em prado ameno veio pousar.
.
E tu, sorrindo, de mim diante
Meigo o semblante falaste assim:
"Safo, eu te vejo tão consternada,
Por que magoada chamas por mim?"
.
"Paixão te oprime? Gemes, suspiras
Dize, a que aspiram com tanto ardor?
Alguém, ingrato, se te não rende?
Ah! quem te ofende com tal rigor?"
.
"Há de rogar-te, se te ora engeita
Teus dons rejeita? Dons te dará:
Desquer-te amado? Por ti já esquiva
Em chama ativa se abrasará".
.
Também agora, deusa benigna
A mim se digna dar proteção:
Auxiliadora neste conflito
Vale ao aflito meu coração.
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PUDOR

A teus dotes qual mais encantador
Tu ajuntas, amável criatura,
Um para mim de todos o maior,
E que até embeleza a formosura:
O pudor!
.------------------------------------
"O sangue flutua rápido em minhas veias; um acre calor invade minhas fibras. Ruborizo-me. Baixa a voz ao responder um gentil pensamento, inutilmente procuro e não acho. Com tumulto e força bate o sangue no meu peito. Morre a voz, enquanto eu passo minha língua em sua boca".
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"Guardo a chama dentro do meu sangue e fervo,
um estúpido e continuado tintinar, me enche
os ouvidos, e sonho. Levanto o olhar, e entrevejo
sombra de macho. Me encontro apagada, um suor
gelado, a fisionomia morta como erva que não
cresce, tremendo em arrepios, enquanto minha
língua ativa se dirige em tua direção. Anseio
a ti cada vez mais, quase até a morte certa,
apagar este fogo."
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"Virgindade, virgindade me deixas, onde vais?
Não voltarei mais para ti, nunca mais.
Tu é a flor purpúrea, que meus braços rudes,
pisam no abraço e aqui deitam, enquanto la fora
a brilhante aurora de beijos, carícias e humores
e morte, venham para mim, porque tanto te desejei..."
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"Uiva o vento entre as árvores. O meu não parece um rumor,
mas é o amor que corre, a paixão devoradora pelos teus lindos
cabelos e teus membros alvos, me esgota e me quebra.
Assim só, te desejo, eu morro!"
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"Alegria de viver, mais não tenho. A vontade de
morrer se apossa de mim, ver o lótus, molhado de
orvalho às margens do Aqueronte..."
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"Oh, fêmea, que meu hábito não sentir e não provar, ir
aqui e ali entre obscuros mortos que esvoaçam sobre sua traição.
Oh amor, pudesse eu com meus braços sufocar-te. e aquela
vida de erros em segundo apagar..."
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"É como a maçã vermelha em seu ramo mais alto, os
colhedores a esquecem. Não a esqueceu quem era como
ela, mas também não conseguiu alcançá-la".
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Consultei:
www.brasilescola.com/biografia/safo-lesbos
Poemas E Fragmentos Safo De Lesbos, Fontes, Joaquim Brasil – Iluminuras

ANDANÇA NO TEU NOME















P
ensei em caminhar sobre as águas
E a vida só entregou pedras aos meus pés.
Tentei vadiar em tua vida e teu nome
Realçar no tempo que trouxe uma árvore sem frutos
A se plantar cruel no jardim de teu olhar.

Mas você jamais soube desse meu louco amor
Ah! E jamais vai saber da minha louca adoração
Restará tudo bem guardado e escondidinho
Inalcançável como um segredo safado e poderoso
Até sentir o mundo todo se esquecer de mim.

Ah, o sol trouxe tanto calor a esta minha louca vida.
Mas a chuva apagou a fogueira de minhas vaidades
Amor, eu continuo bela e cheirosa a esperar
De você o caminhar em minhas pedras
A você para minha vida vadiar.